segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

FAZENDA ACAUÃ - SOUSA - PB

Como as aves avisam quando vai chover?

"Quando está perto do inverno eles cantam, é cantando..." (Zé Gomes).

Pode-se concluir, sabendo que comumente as aves têm mais de um tipo de canto, que os informantes observam o comportamento reprodutivo na formação dos casais de aves e atribuem, a tal, uma característica bioindicadora de "tempo bom".

Os conhecimentos etnoornitológicos na região Nordeste assemelham-se bastante, a ponto de poder-se afirmar que essa cognição é comum e contínua na região.

PORTAL DO VALE DOS DINOSSAUROS - SOUSA - PB

Dentre vários sinais observados pelos camponeses nordestinos como indicadores de estações chuvosas, os aves oferecem uma grande contribuição a partir de seus comportamentos e suas vocalizações.

“Tem um bocado que avisa, quase tudo, mas o que nós temos fé é negócio de fura-barreiro, o anum, a rolinha quando estão cantando" (Seu Bento).

PEDREIRAS EM SOUSA - PB

Para homenagear esse povo guerreiro, transcrevo um Galope a Beira Mar de autoria do repentista Dimas Batista.
“Nasci no sertão, desfrutando as virtudes
Do tempo de inverno, fartura e bonança.
Depois veio a seca, fugiu-me a esperança
Deixando-me assim, de tristeza tão rude.
Vi secos os rios, fontes e açudes.
E eu que gostava tanto de pescar,
Saí pelo mundo tristonho a vagar,
Fui ter numa praia de areias branquinhas
E vendo a beleza das águas marinhas,
Cantei meu galope na beira do mar.

Ali na cabana de alguns pescadores,
Fitando a beleza do mar, do arrebol,
Bonitas morenas queimadas de sol,
Alegres ouviram cantar meus amores.
O vento soprava com leves rumores,
O pinho a gemer, depois de chorar.
Aquelas morenas à luz do luar
Me davam impressão que fossem sereias,
Alegres, risonhas, sentadas nas areias,
Ouvindo os meus versos na beira do mar.

Eu sempre que via, lá no meu sertão,
Caboclo vaqueiro de grande bravura,
Vestido de couro, na mata mais dura,
Entrar pelo mato e pegar o barbatão,
Ficava pensando, na minha impressão:
Não há quem o possa, em bravura igualar;
Mas depois que vi o praiano pescar
Numa frágil jangada, ou barco veleiro,
Achei-o tão bravo, tal qual o vaqueiro,
Merece uma estátua na beira do mar.”

O Nordestino é antes de tudo UM FORTE

Mas o nordeste também é povoado de outras pessoas típicas, como as rendeiras, os agricultores, os beatos, os retirantes, os matutos, os canavieiros, etc . São ainda nordestinas algumas figuras das mais expressivas tais como: Rui Barbosa, Gilberto Freire, José Lins do Rego, José de Alencar, Ariano Suassuna, Luiz da Câmara Cascudo, Luiz Gonzaga, Zé Ramalho, Caetano Veloso, Elba Ramalho, Chico César, Augusto dos Anjos, José Américo de Almeida, Raquel de Queiroz, Celso Furtado, João Cabral de Melo Neto, Patativa do Assaré, Sivuca, Capiba, Jessier Quirino,e muitos outros expoentes que enriquecem ou enriqueceram o cenário brasileiro e, até, internacional.

Enfim, “o sertanejo é, antes de tudo, um forte”, já dizia Euclides da Cunha. Mas faltou também dizer que é um povo resistente, que vence todo tipo de dificuldade, faz piadas e ri, muitas vezes, de sua própria desgraça, mas não se entrega. Também é mulherengo e não rejeita uma boa dose de cachaça. Continua compondo suas canções e tudo é motivo de festas. As oportunidades, aliás, não faltam. Festas quando as chuvas caem no sertão, trazendo fartura e prenúncio de dias melhores; festas nos rituais de cantorias nas safras; festas nas celebrações de noivado e casamentos nas roças; festas de padroeiras, etc. Até dia de eleição é motivo de festa.”


Os vaqueiros são trabalhadores que, montados em seu cavalo, cuidam do gado. Para protegerem-se dos arbustos e espinhos da vegetação local usam uma vestimenta característica: chapéu de couro, gibão de couro curtido, calças-perneiras justas e luvas.

Os violeiros ou repentistas são cantadores de viola que têm muita habilidade para compor versos de improviso. São muito respeitados e admirados em todo o Estado. Algumas de suas cantorias são verdadeiras obras primas de nossa literatura.


Os Jangadeiros são trabalhadores típicos do litoral. Passam a maior parte do tempo em alto mar à procura do peixe, que serve de alimento para a família e é a fonte de renda para o seu sustento. Geralmente moram em casas simples, construídas perto da praia.

O NORDESTINO É FORTE

Apesar, muitas vezes, das adversidades do tempo e da terra, o nordestino conserva os costumes, tradições e história, através do artesanato, artes plásticas, arquitetura, música e preservação dos seus monumentos históricos. É visível seu apego às tradições mais remotas e a um folclore belíssimo e bastante variado, de acordo com os contrastes existentes nos vários Estados da região Nordeste. Ele jamais esquece a terra onde nasceu. Às vezes, devido às adversidades do tempo ou a situações econômicas desfavoráveis, são obrigados a emigrar para outras regiões do país. Mas sempre que podem e as condições de vida mudam, voltam para os seus familiares e amigos e para a “terra querida”.

Alguns tipos de pessoas são muito comuns no nordeste. Os mais conhecidos nacionalmente de acordo com as habilidades adquiridas são: os sertanejos, os vaqueiros, os repentistas e os jangadeiros.

O sertanejo é exemplo de bravura e possui uma das mais expressivas culturas artesanais do país. Está sempre preocupado com a seca, uma vez que, com maior ou menor intensidade, ela sempre ocorre. É conhecido como trabalhador, amigo sincero e leal, respeitador, mas é também um homem destemido, que “não leva desaforo prá casa”. É conhecido como “cabra macho” e é a representação imediata da coragem, força e resistência. Sua valentia é contada em prosa e verso.

PRENÚNCIO DE CHUVA.

Sousa está quente. Choveu pouco até agora.
Aliás, o sertão está todo assim: seco, o mato sem folhas, os açudes quase sem água. Mas o matuto acredita em inverno. Segundo Seu Bento, matuto velho de guerra, o Natal trouxe uma barra escura no nascente que é prenúncio de bom inverno.
Deve ser por isso que o matuto está preparando os roçados como se a chuva chegasse amanhã. É o que mais se vê nas margens da estrada: chão queimado pelas brocas que vão virar roças assim que São Pedro abrir as torneiras do céu.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A CERCA QUE CONSTRUÍMOS

A Cerca

Era uma vez um menino com temperamento muito forte. Seu pai deu-lhe um saco de pregos, dizendo-lhe que cada vez que ele ficasse furioso pregasse um prego na cerca do fundo da casa.

No primeiro dia o garoto pregou 37 pregos, mas gradualmente ele foi se acalmando. Descobriu que era mais fácil "segurar" seu temperamento do que pregar os pregos na cerca.

Finalmente chegou o dia em que o garoto não se enfureceu nenhuma vez. Contou ao pai o que havia sucedido e pai sugeriu-lhe que, de agora em diante por cada dia que conseguisse segurar seu temperamento retirasse um dos 37 pregos.

Passou-se o tempo e o garoto finalmente pode dizer ao pai que tinha retirado todos os pregos.

O pai tomou o filho pela mão e levou-o até a cerca dizendo-lhe:

- Você fez muito bem meu filho, mas a cerca nunca mais será a mesma. Quando você diz coisas quando está furioso, elas deixam uma cicatriz assim como as marcas da cerca. Você pode fincar e retirar uma faca em um homem. Não importa quantas vezes você possa dizer; "desculpe", a ferida mesmo assim permanecerá.

Uma ferida verbal é tão ruim quanto uma ferida física. Amigos são uma jóia muito rara. Eles fazem você sorrir e estimulam você a ter sucesso. Eles emprestam um ouvido amigo, repartem uma palavra de elogio, eles querem sempre abrir seus corações para nós."